Você conhece alguma criança ou adulto que considera desastrado, estabanado ou que esbarra muito em objetos e cai com frequência? Ah, e resolve sempre fazer as coisas do jeito mais difícil e você se pergunta: "o que ele está querendo fazer"? Para que possamos realizar ações motoras no nosso dia a dia, como pular amarelinha, acompanhar os passos de uma música, respeitar o espaço pessoal do outro, chutar uma bola ou enfrentar novos desafios motores como apanhar uma fruta que estáno alto de uma árvore, precisamos de uma adequada consciência corporal, que se desenvolve desde os primeiros meses de vida a partir de experiências sensoriais como colocar objetos na boca e sentir o formato, textura, tamanho, explorar o ambiente engatinhando, subindo nos móveis. Essas experiências sensório-motoras nos darão base para compreendermos a função dos objetos, suas propriedades e o que fazer com eles, assim como a maneira como podemos usar nosso corpo eficientemente para realizarmos ações motoras novas no nosso dia a dia. Assim, vamos desenvolvendo a praxia. Mas o que é praxia? Praxia é a habilidade do cérebro de conceber, organizar e implementar uma série de ações não familiares (Ayres, 1973). Necessitamos de praxia o tempo todo, para fazer uma aula de dança pela primeira vez onde é preciso aprender um passo novo, para pegar um objeto que está no alto do armário e tenho que elaborar um plano de ação para tal, o que difere é quanto de praxia necessito utilizar para realizar essas ações. Tais ações podem ser complexas para um indivíduo e muito simples para outros. Praxia envolve ideação, planejamento e execução motora. Quando há dificuldade de planejar e/ou executar um ato motor novo ou uma série de ações motoras, damos o nome de dispraxia, problema de praxia ou transtorno do desenvolvimento da coordenação. As causas da dispraxia podem ser de origem neurológica ou apenas relacionada à falha no processamento sensorial relacionado ao planejamento motor. Essas crianças podem ter inteligência normal, músculos normais, porém, o problema se dá na ponte entre seu intelecto e seus músculos (AYRES, 1998). Alguns sinais e comportamentos sugestivos de dispraxia são (MAGALHÃES, 2008): - É desajeitada, estabanada e propensa a acidentes; - Tropeça ou tromba nas pessoas ou obstáculos; - Baixo desempenho em esportes e atividades com bola; - Mais lento para aprender atividades novas como andar de bicicleta, pular corda; - Tem dificuldade com atividades com sequência (vestir roupa); - È desorganizada, deixa espalhado e/ou perde o material escolar e a carteira são bagunçadas; - Tem traçado pobre e é mais lenta na escrita, a letra é feia, sem forma e/ou desorganizada no papel; - Dificuldade no uso de botões, lápis, fechos. O comportamento social dessas crianças merecerá um post à parte, pois é muito característico e tem sido confundido com TEA, TOD e outras patologias. Se seu filho apresentar algumas dessas características que estejam interferindo em seu dia-a-dia, não exite em procurar um terapeuta ocupacional especialista em Integração Sensorial. O seu filho pode melhorar e os resultados são muito otimistas. Autoria: Daniela Baleroni Rodrigues Silva, Terapeuta Ocupacional da Integra Kids, Doutora em Neurociências pela FMRP-USP, Certificação Internacional em Integração Sensorial pela University ofSouthern California. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ayres, A.J. La Integracion Sensorial y el nino. Dispraxia del desarollo: un problema de planeacion motora. p.116, 1998. MAGALHÃES, L.C.In:DRUMMOND, A.F.;REZENDE, M.B.(org). Intervenções da Terapia Ocupacional. Belo Horizonte:UFMG, 2008, p.46-69.
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É muito comum que alguns pais tragam queixas de sua criança, tais como: Meu filho não consegue parar quieto na sala de aula, gosta de brincadeiras brutas como trombar, cair, não tem noção do perigo, é muito "explosivo, gosta de barulhos altos". Ele gosta muito de movimento,é bagunceiro, está sempre buscando estímulo intenso, é impulsivo e tem dificuldades para respeitar regras sociais. Essas são algumas características de crianças que podem apresentar problemas na modulação sensorial, que necessitam de informação extra para manter atenção e dar significado ao ambiente (DUNN, 1997). Crianças com problemas na modulação sensorial apresentam dificuldade na capacidade de regular , de maneira gradual e adaptada ao ambiente, tanto a intensidade quanto o tipo de resposta a estímulos sensoriais. Desta forma, a criança que apresenta dificuldades na modulação sensorial pode atentar-se demais a estímulos que passam despercebidos por outros como a etiqueta de uma roupa ou o barulho do ar condicionado em uma sala, enquanto outros nem mesmo se incomodam quando machucam, não percebem quando são chamados ou tocados por uma outra pessoa ou aquelas que procuram estímulos o tempo todo, aspecto este que será melhor explicado neste post. Essas respostas podem afetar o nível de atenção da criança, o alerta, até mesmo a forma como se relaciona com os outros (afeto). Outras características comuns apresentadas por crianças com transtorno de modulação sensorial, que apresentam em geral comportamentos de busca sensorial são abaixo descritas(MAGALHAES, 2008) - não pára quieto na escola, igreja, cinema ou outros locais que tenham que ficar parados; - gostam de estímulos fortes como balançar, rodar, música alta, luzes fortes, barulhos; - pouca noção do perigo, se arrisca, pula de lugares altos, sobe em árvores, escala mobiliários; - mastiga ou coloca objetos na boca; - toca pessoas e objetos , se intromete na conversa alheia; - explode quando é interrompida ou quando tem que ficar quieta; - intenso, exige atenção, difícil de acalmar; - bruto fisicamente, dá abraços fortes, agarra crianças menores Desta forma, se tais características afetam o comportamento da criança, a aprendizagem e interação social na escola, brincar e AVDs, é importante realizar uma uma avaliação com terapeuta ocupacional com formação em Integração Sensorial, a fim de compreender melhor o quadro da criança, juntamente com outros profissionais de saúde, inclusive o médico neurologista/ e ou psiquiatra para realizar intervenção adequada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DUNN, W. The impact of sensory processing abilities on the daily lives of young children and their families: a conceptual model. Infants and Young Children, 9, p.23-35,1997. MAGALHÃES, L.C.In:DRUMMOND, A.F.;REZENDE, M.B.(org). Intervenções da Terapia Ocupacional. Belo Horizonte:UFMG, 2008, p.46-69. |
AutorDaniela Baleroni R.Silva, responsável pela Terapia Ocupacional na Clínica Integrakids Histórico
February 2019
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