![]() EXPLORE A SENSAÇÃO DO TOQUE By Zoe Mailloux, OTD, OTR/L, FAOTA A sensação de toque (ou percepção sensorial tátil) é um dos sentidos mais importantes. Ele começa a se desenvolver bem cedo durante a gravidez e se torna bastante ativo antes do nascimento do bebê. Assim como os outros sentidos que desempenham um papel importante na integração sensorial, geralmente vai realizando seu trabalho sem que o percebamos muito. Ainda é muito importante para nos permitir executar várias habilidades e se sentir confortável e ter facilidade em várias situações. Bebês aprendem muito sobre o mundo através da sensação do toque. Quando eles passam pelo estágio de pegar e colocar tudo em suas bocas, eles estão usando a sensação do toque para descobrir sobre formato, tamanho e textura. Essa é a forma como eles primeiramente aprendem sobre a diferença entre objetos redondo e quadrado, grande e pequeno, áspero e suave, etc. Se a sensação ao toque não é muito especifica como deveria ser, ela não provê informações claras e consistentes, assim pode ser mais difícil para entender esses tipos de diferenças, visualmente ou cognitivamente. As mãos, pés e boca são as áreas mais sensíveis do nosso corpo pois possuem muitas células que detectam e respondem ao toque. Dependemos de informações do nosso sistema tátil para nos auxiliar a desempenhar várias habilidades. Toque como Feedback Pense sobre quão difícil é realizar algo utilizando luvas. Seus músculos continuam trabalhando da mesma forma, mas você tem um “ feedback “ diminuído da sua sensação ao toque. Pense agora em todas as tarefas que realizamos usando a sensação do toque sem a visão – encontrar uma moeda no fundo da bolsa; abotoar um botão nas costas de uma camiseta; quebrar uma semente de girassol e removê-la da sua língua o dia todo, um após o outro, podemos contar com nosso sistema tátil para desempenhar tarefas do dia-a-dia sem ter que ficar pensando a respeito. Como você realizaria essas atividades de sua sensação ao toque não ajudasse tanto? Quanto tempo levaria para realizá-las se tivesse que parar e olhar para tudo, ou se você tivesse que pensar sobre tudo o que fosse fazer com as mãos. Isso acontece com muitas crianças que não podem contar com seu sistema tátil. Isso pode ser frustrante e confuso. Tente Essas Atividades Táteis Se uma criança tem uma percepção tátil pobre ou inconsistente, um objetivo da terapia é ajudar esse sistema a trabalhar mais eficientemente. Podemos usar várias atividades terapêuticas diferentes para trabalhar nisso. Aqui estão algumas idéias para se fazer em casa para auxiliar a criança que recebe a sensação tátil diminuída, ou que pode beneficiar uma melhora no feedback tátil:
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![]() Você conhece alguma criança ou adulto que considera desastrado, estabanado ou que esbarra muito em objetos e cai com frequência? Ah, e resolve sempre fazer as coisas do jeito mais difícil e você se pergunta: "o que ele está querendo fazer"? Para que possamos realizar ações motoras no nosso dia a dia, como pular amarelinha, acompanhar os passos de uma música, respeitar o espaço pessoal do outro, chutar uma bola ou enfrentar novos desafios motores como apanhar uma fruta que estáno alto de uma árvore, precisamos de uma adequada consciência corporal, que se desenvolve desde os primeiros meses de vida a partir de experiências sensoriais como colocar objetos na boca e sentir o formato, textura, tamanho, explorar o ambiente engatinhando, subindo nos móveis. Essas experiências sensório-motoras nos darão base para compreendermos a função dos objetos, suas propriedades e o que fazer com eles, assim como a maneira como podemos usar nosso corpo eficientemente para realizarmos ações motoras novas no nosso dia a dia. Assim, vamos desenvolvendo a praxia. Mas o que é praxia? Praxia é a habilidade do cérebro de conceber, organizar e implementar uma série de ações não familiares (Ayres, 1973). Necessitamos de praxia o tempo todo, para fazer uma aula de dança pela primeira vez onde é preciso aprender um passo novo, para pegar um objeto que está no alto do armário e tenho que elaborar um plano de ação para tal, o que difere é quanto de praxia necessito utilizar para realizar essas ações. Tais ações podem ser complexas para um indivíduo e muito simples para outros. Praxia envolve ideação, planejamento e execução motora. Quando há dificuldade de planejar e/ou executar um ato motor novo ou uma série de ações motoras, damos o nome de dispraxia, problema de praxia ou transtorno do desenvolvimento da coordenação. As causas da dispraxia podem ser de origem neurológica ou apenas relacionada à falha no processamento sensorial relacionado ao planejamento motor. Essas crianças podem ter inteligência normal, músculos normais, porém, o problema se dá na ponte entre seu intelecto e seus músculos (AYRES, 1998). Alguns sinais e comportamentos sugestivos de dispraxia são (MAGALHÃES, 2008): - É desajeitada, estabanada e propensa a acidentes; - Tropeça ou tromba nas pessoas ou obstáculos; - Baixo desempenho em esportes e atividades com bola; - Mais lento para aprender atividades novas como andar de bicicleta, pular corda; - Tem dificuldade com atividades com sequência (vestir roupa); - È desorganizada, deixa espalhado e/ou perde o material escolar e a carteira são bagunçadas; - Tem traçado pobre e é mais lenta na escrita, a letra é feia, sem forma e/ou desorganizada no papel; - Dificuldade no uso de botões, lápis, fechos. O comportamento social dessas crianças merecerá um post à parte, pois é muito característico e tem sido confundido com TEA, TOD e outras patologias. Se seu filho apresentar algumas dessas características que estejam interferindo em seu dia-a-dia, não exite em procurar um terapeuta ocupacional especialista em Integração Sensorial. O seu filho pode melhorar e os resultados são muito otimistas. Autoria: Daniela Baleroni Rodrigues Silva, Terapeuta Ocupacional da Integra Kids, Doutora em Neurociências pela FMRP-USP, Certificação Internacional em Integração Sensorial pela University ofSouthern California. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ayres, A.J. La Integracion Sensorial y el nino. Dispraxia del desarollo: un problema de planeacion motora. p.116, 1998. MAGALHÃES, L.C.In:DRUMMOND, A.F.;REZENDE, M.B.(org). Intervenções da Terapia Ocupacional. Belo Horizonte:UFMG, 2008, p.46-69. ![]() É muito comum que alguns pais tragam queixas de sua criança, tais como: Meu filho não consegue parar quieto na sala de aula, gosta de brincadeiras brutas como trombar, cair, não tem noção do perigo, é muito "explosivo, gosta de barulhos altos". Ele gosta muito de movimento,é bagunceiro, está sempre buscando estímulo intenso, é impulsivo e tem dificuldades para respeitar regras sociais. Essas são algumas características de crianças que podem apresentar problemas na modulação sensorial, que necessitam de informação extra para manter atenção e dar significado ao ambiente (DUNN, 1997). Crianças com problemas na modulação sensorial apresentam dificuldade na capacidade de regular , de maneira gradual e adaptada ao ambiente, tanto a intensidade quanto o tipo de resposta a estímulos sensoriais. Desta forma, a criança que apresenta dificuldades na modulação sensorial pode atentar-se demais a estímulos que passam despercebidos por outros como a etiqueta de uma roupa ou o barulho do ar condicionado em uma sala, enquanto outros nem mesmo se incomodam quando machucam, não percebem quando são chamados ou tocados por uma outra pessoa ou aquelas que procuram estímulos o tempo todo, aspecto este que será melhor explicado neste post. Essas respostas podem afetar o nível de atenção da criança, o alerta, até mesmo a forma como se relaciona com os outros (afeto). Outras características comuns apresentadas por crianças com transtorno de modulação sensorial, que apresentam em geral comportamentos de busca sensorial são abaixo descritas(MAGALHAES, 2008) - não pára quieto na escola, igreja, cinema ou outros locais que tenham que ficar parados; - gostam de estímulos fortes como balançar, rodar, música alta, luzes fortes, barulhos; - pouca noção do perigo, se arrisca, pula de lugares altos, sobe em árvores, escala mobiliários; - mastiga ou coloca objetos na boca; - toca pessoas e objetos , se intromete na conversa alheia; - explode quando é interrompida ou quando tem que ficar quieta; - intenso, exige atenção, difícil de acalmar; - bruto fisicamente, dá abraços fortes, agarra crianças menores Desta forma, se tais características afetam o comportamento da criança, a aprendizagem e interação social na escola, brincar e AVDs, é importante realizar uma uma avaliação com terapeuta ocupacional com formação em Integração Sensorial, a fim de compreender melhor o quadro da criança, juntamente com outros profissionais de saúde, inclusive o médico neurologista/ e ou psiquiatra para realizar intervenção adequada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DUNN, W. The impact of sensory processing abilities on the daily lives of young children and their families: a conceptual model. Infants and Young Children, 9, p.23-35,1997. MAGALHÃES, L.C.In:DRUMMOND, A.F.;REZENDE, M.B.(org). Intervenções da Terapia Ocupacional. Belo Horizonte:UFMG, 2008, p.46-69. ![]() O tato tem função protetiva e discriminativa, sendo que a primeira envolve reações automáticas em resposta à dor como retirar a mão de uma panela quente, enquanto que a função discriminativa nos ajuda a encontrar objetos dentro de uma bolsa cheia de pertences. As crianças com hipersensibilidade ao toque ou defensividade tátil tendem a apresentar reações exageradas em resposta ao toque, que passariam despercebidas para maioria das pessoas. Essas crianças apresentam demansiada ação protetiva/defensiva e insuficiente processamento discriminativo. SEAlguns sinais de defensividade incluem: sensibilidade a certos tipos de roupas ou fabricações; preferência ou aversão para comidas as quais estão mais relacionadas à textura ( fogem de texturas suave e cremosas; se irritam em resposta a comidas crocantes ou pastosas); fogem ao toque de texturas como pintura a dedo ou lama ou fazer bagunça com as mãos; evitam andar descalço em determinadas superfícies como areia ou grama; apresentam resistência maior que o normal para escovar os dentes, pentear o cabelo e lavar o rosto; e/ou a tendência a preferir tocar do que ser tocado, principalmente quando esse toque é inesperado. Algumas crianças evitam muitos objetos que colegas gostam, como bichos de pelúcia, enquanto outras crianças buscam uma maior quantidade de estímulo tátil que seja confortável para ele. Uma criança pode conseguir tocar-se com uma pluma, mas não deixar que outra pessoa o faça. Pelo fato de nossa sensação ao toque ser intimamente ligada às nossas emoções, quando há desconforto em relação a esse sistema sensorial, é comum que as crianças demonstrem reações emocionais negativas, podendo ser mais irritáveis, arredias em algumas situações. Porém, quando familiares e professores compreendem melhor essa condição, pequenas dicas podem ajudar grandemente esta criança. Estas dicas estão expostas no texto abaixo ! Se tais sinais tem interferido no brincar, na socialização, escolarização, alimentação e/ou e comportamento de sua criança, procure um terapeuta ocupacional com formação em Integração Sensorial para uma avaliação e se necessário, realizar intervenção. O texto abaixo anexo foi retirado de: TACTILE DEFENSIVENESS: SOME PEOPLE ARE MORE SENSITIVE © is part of a series of “Parent Pages” on the topic of sensory integration written by Zoe Mailloux, OTD, OTR/L, FAOTA. May be reprinted for educational purposes with full title and copyright information included. Traduzido para o português pela Terapeuta Ocupacional Mayumi Kuboyama e revisado pela T.O Daniela Baleroni R. Silva, ambas da clínica Integra Kids- Terapias Avançadas em Reabilitação Infantil em Ribeirão Preto. ![]()
![]() Consiste em um sistema pouco conhecido pelos pais e profissionais, mas de fundamental importância, uma vez que ele é responsável por diversas funções tais como coordenar o movimento dos nossos olhos com os movimentos da nossa cabeça, como copiar algo de um quadro negro (olhar para o quadro e depois baixar a cabeça e olhar para o nosso trabalho), virar a nossa cabeça para observar um objeto em movimento (por exemplo ver a bola a mover-se num campo de futebol), e também, por vezes, percorrer uma página para ler. Também nos ajuda a manter um tônus postural normal , coordenar os dois lados do corpo simultaneamente como para andar de bicicleta, usar garfo e faca, assim como no equilíbrio. Estas funções do sistema vestibular provavelmente ajudam a explicar o porquê de vários estudos terem mostrado que mais de metade das crianças com dificuldades de aprendizagem apresenta sinais de disfunção vestibular. O artigo completo se encontra anexo, vale a pena a leitura! A referência completa do texto está abaixo: O SISTEMA VESTIBULAR: PORQUE É TÃO CRÍTICO? © faz parte de uma série de "Páginas para Pais" sobre o tema da integração sensorial escrito por Zoe Mailloux, OTD, OTR/L, FAOTA. Pode ser reproduzido para fins educacionais, com o título completo e informações de copyright incluídas. Traduzido para português por Marco Leão e Raquel Cerqueira, www.7senses.pt; Revisão por Heloiza Maria Zanella Goodrich e Rodrigo Massoqueto. ![]()
Muitos pais procuram a Terapia Ocupacional e afirmam que seu filho não tem "problema" sensorial pois aceita bem todas as texturas.Integração Sensorial não é rejeitar ou não texturas de objetos.
A Integração Sensorial é definida como um processo neurológico que organiza as sensações do nosso corpo e do ambiente, permitindo a organização do comportamento e o uso eficiente do corpo nas ações e atividades que fazemos rotineiramente. A abordagem de tratamento chamada Integração Sensorial foi criada por uma terapeuta ocupacional norte americana, Jean Ayres, inicialmente voltada para crianças com problemas de aprendizagem. . Há estímulos que nos acalmam como uma massagem profunda, outros que nos alertam como um barulho diferente na noite escura, outros que precisam ser esquecidos como o barulho do motor da geladeira para que foquemos a atenção em outras tarefas mais relevantes. Porém, crianças com transtorno do processamento sensorial (TPS) tem a tendência de sentirem as sensações de maneira diferente, às vezes com mais intensidade, como as texturas das roupas que sempre incomodam, ou menos, como não parecer escutar quando são chamados. Além disso, têm dificuldade em detectar, regular, interpretar e responder aos inputs sensoriais e isso prejudica o seu desempenho nas atividades de vida diária, no aprendizado escolar, no brincar e na interação com outras crianças. A habilidade de integrar as informações sensoriais é fundamental para a criança se desenvolver e interagir com o mundo. Alguns comportamentos podem ser observados em crianças com disfunção do processamento sensorial: - Fica ansioso ou incomodado com determinadas texturas de alimentos, roupas, materiais, não aceita que corte as unhas, cabelos ou andar descalço na grama ou areia; - Incomoda-se com cheiros, perfumes; - Não gosta de brinquedos de parque como balanço, escorregador; - Não responde quando é chamado; - Não chora quando se machuca, parece não sentir dor, não nota quando é tocado; - É passivo, prefere atividades sedentárias (vídeo game, TV, leitura); cansa-se facilmente - Criança agitada, está sempre buscando movimentos de maneira excessiva; - Pouca noção do perigo, se arrisca, pula de lugares altos, gosta de brincadeiras brutas; - Tem dificuldade para usar as duas mãos simultaneamente (recortar, agarrar uma bola, apoiar o papel com a esquerda e escrever com mão direita); - Tem tônus baixo, parece mais fraca que outras crianças, debruça-se sobre a carteira ou apóia a cabeça na mão quando sentada na carteira); - Dificuldades com brinquedos que exigem equilíbrio como bicicleta, patins, patinete; - Parece preguiçosa, desmotivada, faz tarefas rapidamente para terminar logo, sem verificar o resultado; - Desajeitado, propensa a acidentes, esbarra ou tropeça em pessoas e objetos, tem baixo desempenho em esportes e atividades com bola; - Tem traçado pobre, letra sem forma ou desorganizada no papel, é mais lenta na escrita; - Dificuldade para abotoar a blusa ou manusear objetos sem apoio visual; - Dificuldade para se orientar no espaço (perde-se em lugares conhecidos) Tais comportamentos são aqui mencionados de maneira geral e devem ser avaliados em relação ao impacto nas atividades diárias, na escola, e na participação social, por um terapeuta ocupacional especializado em integração sensorial, a fim de identificar a necessidade de tratamento e metas de intervenção. Fonte: www.integrakids.com.br Esse texto foi retirado do site da Associação Brasileira de Integração Sensorial (fONTE: https://www.integracaosensorialbrasil.com.br/is-e-outros-diagnosticos)
Com o enorme número de casos de autismo diagnosticados a cada dia que se passa (1 a cada 68 crianças), cresce a preocupação em entender melhor esse quadro e encontrar novas formas de auxiliar as pessoas que estão no espectro do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Desde o início de suas pesquisas sobre integração sensorial foi evidente para a Dra. Jean Ayres que a integração sensorial poderia ser uma boa ferramenta no tratamento das crianças com autismo, já que a grande maioria deles apresenta distúrbios no processamento sensorial. Existem vários estudos que mencionam a presença de dificuldades sensoriais nas pessoas com TEA; as porcentagens encontradas variam de 30% em um estudo, até 100% em outros. Os terapeutas que trabalham com crianças do espectro autista sabem que a presença de dificuldades sensoriais é um fator importante no comportamento de muitas crianças com TEA. Esse reconhecimento aumentou o interesse em usar essa abordagem como parte do tratamento de crianças diagnosticadas com autismo. (Schaaf, R and Mailloux, Z, 2015). O foco da terapia com abordagem de integração sensorial no TEA é melhorar o processamento sensorial com objetivo de: · Aumentar a participação nas atividades diárias e, consequentemente, a participação social; · Ampliar o repertório de brincadeiras e diminuição de comportamentos repetitivos e /ou estereotipados. · Diminuir o desconforto da pessoa em situações em que o processamento sensorial atípico cause uma desregulação. Greenspan: "Por 60 anos os tratamentos para os transtornos do espectro autista focalizaram nos sintomas diagnósticos ao invés dos problemas subjacentes. Como resultado, os objetivos para cada criança frequentemente limitaram-se a mudanças em comportamento, tornando o prognóstico a longo prazo muito pessimista". Quando se usa uma abordagem de integração sensorial no tratamento de uma pessoa com autismo, tenta-se entender em profundidade como é o processamento sensorial dessa pessoa e de que forma ele afeta os comportamentos apresentados. Por muito tempo a terapia de integração sensorial no autismo focou na modulação sensorial, provavelmente porque são os sintomas mais evidentes e os que causam grande desregulação. Assim, sabe-se que uma pessoa que bate a cabeça no chão provavelmente está em uma sobrecarga sensorial e está tentando se regular. Ao cobrir os ouvidos em um ambiente barulhento está mostrando que sua audição, mais sensível, está sofrendo com estímulos que são maiores do que seu sistema nervoso pode tolerar. A modulação sensorial da pessoa com TEA se faz de uma forma diferente de pessoas que apresentam somente um distúrbio de integração sensorial, sem outras comorbidades. Os padrões de processamento tendem a ser mais extremos e fatores de hiper e hipo processamento coexistem. Existe uma tendência por exemplo, de uma hipersensibilidade auditiva, que coexiste com um visual muito forte. Ao mesmo tempo, pode haver um limiar muito alto para tato ou gustação. Não é incomum vermos crianças que comem cebola ou alho cru, ou que têm uma gustação tão aguçada que consegue diferenciar se foi a mãe ou a avó que temperou o feijão. Essa percepção gustativa pode fazer com que a criança se torne excessivamente seletiva em relação ao que come, procurando sempre a mesma marca, ficando muito rígida em relação a alimentação. Todos esses fatores são causas de um maior isolamento social e de dificuldades para a família. Atualmente sabemos que, além dos problemas de modulação, que foram o maior foco até recentemente, a dificuldade nas praxias também impacta o desenvolvimento da pessoa com TEA. Muitas vezes a mesmice nas brincadeiras é causada por uma dificuldade de saber o que fazer com as coisas, o que chamamos de falta de ideação. A criança aprende que uma brincadeira funciona e repete sempre a mesma, não aceitando variações. Ou não consegue planejar como jogar uma bola ou como antecipar para pegá-la e se desinteressa da brincadeira. A dispraxia é um fator muito limitante ao aumento de repertório de brincadeiras. Muitas vezes a criança com dispraxia parece ter uma integração sensorial adequada porém, o mau processamento do sistema vestibular, tátil e proprioceptivo, fazem com que a praxia seja pobre. É importante que falemos mais sobre a dispraxia no autismo, há estudos diversos demonstrando que a dificuldade na comunicação social que envolve a imitação de gestos como acenar,mandar beijo ou dar tchau, muitas vezes se relaciona a dificuldades na praxia, que envolve a ideação, planejamento e execução motora. Desta forma, é importante que pensemos na importância da Integração Sensorial no tratamento das crianças com TEA, já que evidências científicas robustas tem amparado a eficácia desta abordagem nestes casos. Falaremos sobre este tema tão encantador em outro post. Lembremos que a terapia de integração sensorial bem aplicada, por um profissional com treinamento específico nessa área pode ser combinada com outras abordagens e contribuir muito para um desenvolvimento mais amplo. O texto que vou postar aqui é retirado do site da Associação Brasileira de Integração Sensorial, que vem desenvolvendo um trabalho de muita seriedade para regulamentação e divulgação dessa abordagem no Brasil, por terapeutas ocupacionais.
https://www.integracaosensorialbrasil.com.br/integracao-sensorial A Integração Sensorial (IS) é a organização das sensações para uso no dia-dia. O nosso cérebro nos dá constantemente informações sobre as condições do nosso corpo e sobre o ambiente à nossa volta. Quando essas informações estão bem organizadas, somos capazes de usá-las para nossa percepção, comportamento e aprendizado. Quando as informações estão desorganizadas, temos dificuldade de sentir e organizar nossas sensações. Dr. Jean Ayres descreve a Integração sensorial como “o processo neurológico que organiza as sensações do próprio corpo e do ambiente fazendo com que seja possível o uso do corpo efetivamente no ambiente” (Ayres, 1989). Assim, como um processo neurológico e inconsciente, a coordenação das sensações (audição, visão, tato, gustação, olfato, movimento, gravidade e posição) nos permitem agir e responder às situações adequadamente. A Integração Sensorial providencia as informações necessárias para aparelhar o corpo e a mente, uma vez que une todas as nossas sensações e dá sentido à elas. Imagine-se descascando e comendo uma laranja, você a sente com suas mãos, sente o cheiro, observa com os olhos e sente o gosto com a boca. Todas essas informações juntas fornecem a experiência completa sobre comer a laranja. É através das experiências e da interação com o mundo que as crianças desenvolvem a Integração Sensorial. As habilidades e sensações são desenvolvidas através do brincar, as quais vão ajudar futuramente a desenvolver habilidades mais complexas e ter sucesso nos diversos desafios da vida. A Disfunção de Integração Sensorial é uma desordem na qual a informação sensorial não é integrada ou organizada adequadamente no cérebro e pode produzir vários graus de problemas no desenvolvimento, no processamento da informação, no comportamento e na aprendizagem, tanto motora quanto conceitual. A práxis, capacidade de idealizar, planejar e executar as ações, também pode estar comprometida. O desenvolvimento da práxis é um dos objetivos da Integração Sensorial, que favorece a capacidade prática de realizar as atividades da vida diária como: alimentação, vestuário, higiene pessoal, brincar, atividades escolares, participação social entre outras. Três sistemas sensoriais são centrais na Teoria de Integração Sensorial: tátil, vestibular e proprioceptivo. Suas interrelações começam a se formar antes do nascimento e continuam a se desenvolver a medida que a pessoa amadurece e interage com seu ambiente. Embora estes três sistemas sensoriais sejam menos familiares do que a visão e a audição, eles são importantes para nossa sobrevivência básica e desenvolvem um papel fundamental no comportamento humano tanto físico quanto mental. A avaliação e o tratamento de Integração Sensorial são realizados por terapeutas ocupacionais com formação em Integração Sensorial de Ayres®. Os objetivos gerais do terapeuta ocupacional são: prover experiências sensoriais, auxiliar a criança na inibição e / ou modulação da informação sensorial; organizar a criança no processamento de resposta mais adequadas aos estímulos sensoriais; e promover oportunidades para o desenvolvimento de respostas adaptativas cada vez mais complexas. Os procedimentos de Integração Sensorial são delineados para alcançar as fundações sensoriais e motoras que ajudam a criança a aprender novas habilidades mais facilmente, incorporando necessariamente o interesse e motivação da criança, o Terapeuta Ocupacional desenvolve a intervenção num contexto de brincadeiras, que envolve cuidadosa seleção das experiências sensoriais (toque, movimento, sensações musculares e articulares), planejada individualmente para cada criança, com desafios “na medida certa” com encorajamento, empatia, motivação e que conduzam a organização (da criança e, portanto, de seu sistema nervoso). Procure Sempre um Terapeuta Ocupacional com Formação em Integração Sensorial de Ayres®. Fontes: https://www.autism.com/symptoms_sensory_overview http://www.integracaosensorialbrasil.com.br/ https://www.siglobalnetwork.org/ayres-sensory-integration AYRES, A.J. What’s Sensory Integration? An Introduction to the Concept. In: Sensory Integration and the Child: 25th Anniversary Edition. Los Angeles, CA: Western Psychological Services, 2005. Serrano, Paula. A Integração Sensorial no desenvolvimento e aprendizagem da criança. Portugal: Papa- Letras, 2016. A Integra Kids nasceu de um desejo comum entre mim, Daniela Baleroni, terapeuta ocupacional, e a Tania Cook, fisioterapeuta. O nosso encontro foi por acaso em Ribeirão Preto, ambas trabalhamos na AACD em SP, só que em momentos diferentes e pudemos vivenciar o trabalho em equipe nesta instituição, e então, quisemos trazer esta vivência para Ribeirão Preto. Assim, até o nome da clínica foi cuidadosamente pensado e busca esta integração, tanto da equipe, quanto de profissionais. Nossa clínica está aberta para receber profissionais de diferentes áreas, atendemos com colegas de outras clínicas, discutimos casos juntos, visto que o foco é a criança. Depois, pudemos contar com as psicólogas analistas do comportamento Bruna Romero e Ariana Rios,que vieram compor nossa equipe, para auxiliar no desenvolvimento de crianças principalmente com TEA e atraso no desenvolvimento e, mais recentemente, a terapeuta ocupacional Mayumi Kuboyama também veio aumentar a "nossa família" de profissionais. A Tamara, nossa secretária, é responsável pelo acolhimento desde a entrada na clínica, cuida da agenda e adora crianças também, tornando tudo mais fácil. É nesse clima de muito amor que nossas crianças são recebidas, com as abordagens e técnicas mais avançadas na área de reabilitação como Therasuit, Integração Sensorial realizada pela única TO em Ribeirão Preto com certificação completa em Integração Sensorial, Therathogs, Reabilitação Virtual, Marcha suspensa na esteira e Análise do Comportamento Aplicada. A idéia do blog surgiu da necessidade de fornecer informações corretas aos pais sobre temas voltados à infância, como desenvolvimento infantil, brincar, quando procurar ajuda profissional . Muitos pais chegam tardiamente na clínica ou nem imaginavam que havia tratamento para crianças com problema de coordenação por exemplo, ou que poderiam ampliar o repertório alimentar de seu filho com disfunção do processamento sensorial, ou com dificuldade de aprendizagem. Ainda há muito desconhecimento sobre o objetivo de cada especialidade, utilização de abordagens, e neste blog vamos abordar diferentes assuntos que dizem respeito ao cotidiano da clínica. Vou aproveitar um pouco da minha experiência como pesquisadora (para aqueles que não sabem, trabalhei 8 anos na FMRP-USP como pesquisadora e supervisora de estágio na área de neurologia infantil), para fornecer informações aos pais sobre temas da infância, sempre com base no que já tem comprovação científica. Um abraço a todos! Daniela Baleroni, Terapeuta Ocupacional da Integra Kids |
AutorDaniela Baleroni R.Silva, responsável pela Terapia Ocupacional na Clínica Integrakids Histórico
February 2019
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